Enviado por Ricardo Noblat - Política
Agnelo troca 43 delegados-chefes e sete diretores da Polícia Civil-DF
Roberto Maltchik, O Globo
Após o vazamento de gravações feitas pela Policia Civil do Distrito Federal, que comprovam a ligação do governador Agnelo Queiroz com o PM João Dias Ferreira , 43 delegados-chefes e sete diretores da corporação foram exonerados.
As demissões dos cargos de confiança se seguem à troca do comando da Polícia Civil, chefiada pela delegada Mailine Alvarenga até a revelação, na última terça-feira, das conversas entre o governador e o delator do suposto esquema de corrupção no Ministério do Esporte.
O governo nega que as substituições ocorram em represália à divulgação dos diálogos e sustenta que serviram para "reafirmação de um comando em um momento de movimento grevista".
Por meio de nota, a assessoria do Governo do Distrito Federal (GDF) afirma que a saída da ex-diretora também não está relacionada à divulgação dos vídeos.
"Apesar de todo o esforço e compromisso da delegada Mailine, há grupos contaminados por forças políticas do passado, esses pequenos grupos ainda insistem em cometer desmandos, transformando o que deveriam ser investigações em fatos políticos, criando artificialmente denúncias", diz.
A exoneração dos delegados em postos de chefia agravou ainda mais a crise entre o governo e a Polícia Civil, cujos agentes estão em greve desde o dia 27 de outubro. Os delegados, que querem aumento de 13%, também decidiram paralisar até a próxima quinta-feira. O presidente do Sindicato dos Delegados, Benito Tiezze, disse que está "rezando" para que a troca não tenha relação com a revelação das gravações.
- Ninguém no governo falou conosco sobre os motivos das exonerações. Nunca houve exonerações em massa de postos de chefia durante uma gestão. Isso só acontece quando troca o governo. Estou rezando para que isso não tenha relação com a revelação das gravações (do governador com João Dias). Juro que estou rezando, porque seria muito ruim - afirmou Benito Tiezzi.
Nas gravações, feitas entre março e abril de 2010 e apresentadas pelo "DFTV", da Rede Globo, João Dias pede ajuda a Agnelo para se defender do processo judicial aberto para investigar os desvios de recursos do programa Segundo Tempo, criado quando o atual governador era ministro do Esporte.
À época da conversa, a União já tinha aberto processo administrativo para requerer do PM a devolução de R$ 3,5 milhões. Com intimidade, Agnelo chama João Dias de "meu mestre" e se dispõe a ajudar o grupo acusado de desviar dinheiro público.
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