São Paulo, 7 ago (EFE).- O ministro de Agricultura, Wagner Rossi, aumentou supostamente o número de assessores de uma empresa pública dependente do ministério quando estava à frente do organismo e os postos foram ocupados por parentes de cargos de seu partido, informou neste domingo o jornal 'Folha de S. Paulo'.
De acordo com o jornal, que não especifica suas fontes, o número de assessores da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), dependente do Ministério da Agricultura, passou de seis para 26 cargos quando esse órgão estava sob a direção de Rossi, entre 2007 e 2010.
Muitas das nomeações foram ocupadas depois que Rossi, filiado do PMDB (aliado do Governo), fora designado ministro da Agricultura com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em março de 2009.
Além disso, o organismo definiu 21 novas nomeações durante a atual legislatura, na qual Rossi foi confirmado no cargo pela atual presidente, Dilma Rousseff, acrescentou a 'Folha', que precisou que algumas das contratações levam a assinatura do ministro.
Entre os novos assessores da Conab se encontram Rodrigo Rodrigues Calheiros, filho do senador do PMDB Renan Calheiros, que entrou na companhia dia 14 de abril e Adriano Quércia Soares, sobrinho do falecido ex-governador de São Paulo Orestes Quércia.
Segundo o jornal, Adriano Quércia tinha trabalhado com Baleia Rossi, filho do ministro, antes de ingressar na Conab. Por sua vez, a ex-esposa do líder do PMDB na Câmara dos Deputados Henrique Eduardo Alves, Monica Infante de Azambuja, assumiu a direção da assessoria em 14 de julho.
Na semana passada, o ex-diretor financeiro de Conab Oscar Jucá, irmão do senador do PMDB, Romero Jucá, qualificou o organismo estatal de reduto de 'bandidos'. Frente às acusações da 'Folha', que constituem o último capítulo de denúncias de tráfico de influência e corrupção contra membros do Executivo divulgadas pela imprensa nos últimos meses, o ministro Rossi assegurou que as nomeações respondem a 'pessoas qualificadas'.
'Partidos da base aliada recomendam a pessoas qualificadas para o cargo e o Governo promove as nomeações', disse o ministro, segundo o jornal.
Nesta tarde de domingo, a presidente saiu em defesa de Rossi, de quem assegurou que está tomando as medidas pertinentes. 'A presidente da República, Dilma Rousseff, reitera sua confiança no ministro da Agricultura, Wagner Rossi, que está tomando todas as providências necessárias', segundo um comunicado da Presidência brasileira.
As informações divulgadas neste domingo chegam depois que o número dois do Ministério da Agricultura, Milton Ortolan, apresentasse sua renúncia 'irrevogável' depois que a revista 'Veja' o acusasse de estar envolvido em tráfico de influência. 'Repúdio as informações publicadas que sou conivente com irregularidades e desvios de recursos no Ministério da Agricultura, conforme aponta a reportagem', disse Ortolan em comunicado oficial.