Lula visitando Maluf — sim, Maluf: o PT vende mais um lote de sua antiga alma por 1 minuto e 43 segundos no horário eleitoral
O aperto de mãos antes inimaginável: Lula, derramando-se em sorrisos, com o Demônio em pessoa -- e Haddad no meio (Foto: Folhapress)
Ele era o Cão, o Maldito, o Inominável. Desde que surgiu na política, bajulando a ditadura para conseguir ser prefeito biônico de São Paulo, depois, sendo secretário dos Transportes e, posteriormente, utilizando métodos que todo mundo conhece para ganhar a “eleição” indireta para governador (cargo que exerceu entre 1979 e 1982), Paulo Salim Maluf, 81 anos, foi combatido ferozmente pelos militantes que, a partir da fundação do partido, em 1980, seriam os quadros do PT.
Seu modo de fazer política, seu modo de governar, suas prioridades como homem público, sua proximidade e vassalagem à ditadura, a maneira ela qual conseguiu ser “candidato” a presidente pelo Colégio Eleitoral — tudo o que contribuiu para unir políticos moderados que até então apoiavam a ditadura para voltar-se ao candidato da oposição ao Planalto, Tancredo Neves — eram o extremo oposto de tudo o que o PT dizia defender.
Dizia. Porque depois que “Lulinha paz e amor” se elegeu presidente, em 2002 (precedido por comportamentos heterodoxos de prefeitos e governadores petistas), as coisas mudaram.
O deus todo-poderoso do lulalato abjurou umas tantas coisas, abriu os braços para gente como Sarney, Jader Barbalho, Renan Calheiros, Romero Jucá e tantos outros do mesmo jaez, e aceitou, feliz, o apoio parlamentar do malufismo, que sempre se situou na outra ponta do espectro ideológico “deste país”. Depois, quando Collor se tornou senador– o mesmo Collor que havia, entre outras proezas, utilizado de forma sórdida a vida pessoal de Lula na histórica primeira eleição presidencial depois da ditadura, em 1989 –, sem pudor algum aceitou a aliança com o homem escorraçado da Presidência, e por aí vai.
Mas homenagear pessoalmente Maluf, como Lula fez hoje, é um passo inédito, significa um grau mais no constante processo de arremesso ao lixo que o PT pratica com suas antigas alegadas convicções e com sua antiga proclamada ética, que uma sentença condenatória no caso do mensalão terminaria de afundar afundar na lama. O ex-presidente dirigiu-se à mansão de Maluf na rua Costa Rica, no Jardim América, em São Paulo, levando pela mão seu candidato a prefeito da capital, o ex-ministro da Educação Fernando Haddad, acompanhado de todo um séquito petista (leia reportagem do site de VEJA), para agradecer o apoio do ex-Diabo à candidatura que Lula tirou do bolso do colete.
A procissão antes impensável do petismo até a casa de Maluf é o preço que o PT está pagando para ter 1 minuto e 43 segundos a mais de tempo no horário eleitoral gratuito.
É mais um lote da antiga alma que o PT está vendendo.
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Especial: uma galeria de fotos de Lula — nem sempre em boa companhia
A vida de um político é dura. Sendo um político popularíssimo, como Lula, a dureza inclui o fato de todo mundo querer aparecer em foto a seu lado.
Se não há, como ocorre em vários países, uma assessoria ferozmente vigilante para não deixar que o presidente, ou mesmo um ex-presidente, apareça com pessoas em cuja companhia um chefe de Estado, por uma ou outra razão, não deveria luzir na mídia, pode ocorrer o que se passou com Lula na foto abaixo, divulgada segunda-feira pelo blog do jornalista Juca Kfouri.
Aproveito para mostrar uma galeria de fotos em que Lula, às vezes por distração, outras por obrigação do cargo e em algumas denotando evidente prazer, foi fotografo ao lado de pessoas de quem, nos velhos tempos do Lula fora do poder, não chegaria nem perto.
Lula é abraçado pelo presidente da Gaviões da Fiel (o terceiro, da esquerda para a direita), Antônio Alan Souza Silva (o Donizete), que tem prisão preventiva decretada contra. Também na foto, à esquerda, Andrés Sanchez, ex-presidente do Corinthians, e o deputado estadual e presidente do PT de São Paulo, Edinho Silva (Foto: Cesar Ogata)
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Lula, de chapéu, brinca com bola de futebol americano e posa ao do ator pornô Alexandre Frota, em foto em que aparece um atleta da equipe de futebol americano do Corinthians e o ex-lateral Vladimir (Foto: Ricardo Stuckert / Instituto Lula)
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Rivais ferozes na eleição de 1989 -- Collor trouxe de forma ignóbil, e mentirosa, a vida pessoal de Lula ao horário eleitoral --, o hoje senador Fernando Collor (PTB-AL) e o então presidente Lula se abraçam em evento em Alagoas (Foto: Ailton Cruz / Gazeta de Alagoas)
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Lula com o cartola que, de tão assediado por acusações, se auto-imolou da entidade que comandou como bem entendeu por 23 anos e se mandou para os Estados Unidos: Ricardo Teixeira, então presidente da CBF (Foto: Ricardo Stuckert)
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Lula sorridente ao lado do também sorridente governador do DF, José Roberto Arruda, posteriormente à foto cassado por corrupção (Foto: veja.abril.com.br)
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Lula com o senador Renan Calheiros, que renunciou à presidência do Senado em 2007 para não ser cassado. Na ocasião, o presidente disse torcer para que o "amigo" saísse ileso da tormenta que o enredou (Foto: Antônio Cruz / ABr)
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Lula com o senador e ex-presidente José Sarney, seu firme aliado, e a quem o antigo Lula criticou e combateu durante a maior parte de sua vida política (Foto: Folhapress)
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Lula e o tirano que governa o Irã, Mahmoud Ahmadinejad, que quer destruir o Estado de Israel e defende a tese de que o Holocausto dos judeus na II Guerra Mundial é uma invenção. Lula foi visitar em Teerã este pária internacional e, depois, recebeu-o em Brasília com todas as honras (Foto: AFP)
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Lula cumprimenta com efusão ao deposto e assassinado ditador Muamar Kadafi, da Líbia. Na foto, outra companhia significativa: o presidente Evo Morales, que mandou o Exército da Bolívia ocupar instalações da Petrobras e obteve a "compreensão" do então presidente brasileiro (Foto: AFP)
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Lula com um amigão: o ditador bufão da Venezuela, Hugo Chávez (Foto: David Fernandez / Agência EFE))
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Lula, em Cuba, com os irmãos ditadores Castro, e o ministro que sempre quis controlar a imprensa, Franklin Martins (Foto: Dedoc)
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Lula e um campeão da moralidade pública: Jader Barbalho, que renunciou ao mandato de senador para não ser cassado por corrupção e já sentiu nos pulsos o aço das algemas da Polícia Federal (Foto: Dedoc / Editora Abril)
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Tendo Aloizio Mercadante entre os dois, Lula com outro baluarte da moralidade pública, senador Romero Jucá (PMDB-RR)
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