Enviado por Ricardo Noblat - Política
Marina Bertucci Ferreira
A sessão de hoje, provavelmente a penúltima dedicada à dosimetria das penas
dos condenados pelo esquema do Mensalão, discutiu as punições dos deputados que
receberam do Partido dos Trabalhadores dinheiro para que votassem de acordo com
os interesses do governo.
As penas de hoje foram bem mais brandas do que as atribuídas aos núcleos
considerados essenciais para a operacionalização do esquema.
Valdemar Costa Neto, deputado pelo PR, teve sua pena definida em 7 anos e 10
meses, que será cumprida em regime inicial semiaberto. Mal foi “resolvida” a
questão do parlamentar no esquema do Mensalão, porém, já se vê seu nome
associado a um novo escândalo.
A Operação Porto Seguro, deflagrada pela Polícia Federal na última
sexta-feira, desarticulou uma quadrilha que atuava junto a agências reguladoras
em busca de benefícios a empresas privadas, como o trâmite acelerado de
processos administrativos ou a confecção de notas técnicas sob medida.
A Polícia Federal apurou 1.169 ligações supostamente feitas pelo grupo
criminoso a um telefone do PR, partido de Costa Neto, bem como comunicações
diretas que teriam sido feitas entre um dos chefes da quadrilha e o deputado, em
2010 e 2011.
Mensalão ou venda de pareceres, vemos que a corrupção é endêmica no Brasil e,
como tal, será difícil de ser erradicada. Especialmente porque vivemos sob uma
ordem em que não há problema em se dar um “jeitinho”, ou beneficiar interesses
privados sobre o interesse público.
Apesar da onda de otimismo gerada por esse julgamento que se encontra agora
no final, visto por muitos como um possível ponto final na impunidade daqueles
que incorrem em práticas corruptas, a verdade é que ainda é cedo para dizer que
as condenações aqui vistas servirão de exemplo àqueles que pretendem cometer
crimes semelhantes.
Os resultados das últimas eleições, ao menos, já demonstraram que a
população, como um geral, não se deixou levar pelo que tem sido veiculado por
todas as mídias desde o mês de agosto a respeito do Mensalão.
Aliás, mesmo em relação ao julgamento, apesar das condenações e penas
praticamente todas definidas, ainda há algum tempo, entre acórdãos, embargos e
mandados, para que vejamos se, e como, serão cumpridas as determinações do
STF.
Combinando os resultados das últimas eleições aos escândalos que aparecem a
todo o momento, é um pouco difícil ter essa noção de que a corrupção no Brasil
está perto de acabar. E a conivência da população com tudo o que acontece não
melhora em nada o cenário.
Assim como a corrupção, apesar da falsa impressão, o julgamento do Mensalão
ainda está longe de efetivamente acabar.